segunda-feira, 2 de dezembro de 2019
ARCADISMO
- Movimento artístico conhecido
como NEOCLASSICISMO;
- Retorno à Mitologia Grega.
O nome vem de Arcádia (lar do Deus Pan)
- Valorização do ambiente
pastoreio (figura do pastor imerso na natureza)
- Características: busca pela
simplicidade, tranqüilidade, razão, beleza, singeleza;
- Caráter reformista, fim da
aristocracia, pensamento científico.
Na Literatura: Tipos de
Textos:
- Poético: Preocupa-se com a
natureza, o ambiente pastoreio, a mitologia grega (beleza);
- Ideológico: Preocupa-se em
criticar os abusos da aristocracia (visão social);
- Principal Representante:
Cláudio Manoel da Costa
OBRAS:
Place des Voges (Paris): observar a presença da natureza, das formas geométricas e das linhas na arquitetura. |
"Beijo de Eros e Psiquê" de Cânova: observe a suavidade da silhueta e a expressão (ou falta de) no rosto de Eros. |
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Se sou pobre pastor, se não governo
Reinos, nações, províncias, mundo e gentes;
Se em frio, calma e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;
Reinos, nações, províncias, mundo e gentes;
Se em frio, calma e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;
Nem por isso trocara o abrigo terno
Dessa choça, em que vivo, co’as enchentes
Dessa grande fortuna: assaz presentes
Tenho as paixões desse tormento eterno,
Dessa choça, em que vivo, co’as enchentes
Dessa grande fortuna: assaz presentes
Tenho as paixões desse tormento eterno,
Adorar as traições, amor e engano,
Ouvir dos lastimosos o gemido,
Passar aflito o dia, mês e o ano.
Ouvir dos lastimosos o gemido,
Passar aflito o dia, mês e o ano.
Seja embora prazer; que ao meu ouvido
Soe melhor a voz do desengano
Que da torpe lisonja o infame ruído.
(Claudio
Manoel da Costa)
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Para
cantar de amor tenros cuidados,
Tomo entre vós, ó montes, o instrumento;
Ouvi pois o meu fúnebre lamento;
Se é, que de compaixão sois animados:
Já vós vistes, que aos ecos magoados
Do trácio Orfeu parava o mesmo vento;
Da lira de Anfião ao doce acento
Se viram os rochedos abalados.
Bem sei, que de outros gênios o Destino,
Para cingir de Apolo a verde rama,
Lhes influiu na lira estro divino:
O canto, pois, que a minha voz derrama,
Porque ao menos o entoa um peregrino,
Se faz digno entre vós também de fama.
Tomo entre vós, ó montes, o instrumento;
Ouvi pois o meu fúnebre lamento;
Se é, que de compaixão sois animados:
Já vós vistes, que aos ecos magoados
Do trácio Orfeu parava o mesmo vento;
Da lira de Anfião ao doce acento
Se viram os rochedos abalados.
Bem sei, que de outros gênios o Destino,
Para cingir de Apolo a verde rama,
Lhes influiu na lira estro divino:
O canto, pois, que a minha voz derrama,
Porque ao menos o entoa um peregrino,
Se faz digno entre vós também de fama.
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Sou pastor;
não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados;
Ali me ouvem os troncos namorados,
Em que se transformou a antiga gente;
Qualquer deles o seu estrago sente;
Como eu sinto também os meus cuidados.
Vós, ó troncos, (lhes digo) que algum dia
Firmes vos contemplastes, e seguros
Nos braços de uma bela companhia;
Consolai-vos comigo, ó troncos duros;
Que eu alegre algum tempo assim me via;
E hoje os tratos de Amor choro perjuros.
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados;
Ali me ouvem os troncos namorados,
Em que se transformou a antiga gente;
Qualquer deles o seu estrago sente;
Como eu sinto também os meus cuidados.
Vós, ó troncos, (lhes digo) que algum dia
Firmes vos contemplastes, e seguros
Nos braços de uma bela companhia;
Consolai-vos comigo, ó troncos duros;
Que eu alegre algum tempo assim me via;
E hoje os tratos de Amor choro perjuros.
Cláudio Manoel
da Costa
BARROCO
LINK DO SLIDE APRESENTADO EM SALA
- Movimento artístico em
decorrência da crise do Renascimento;
- O nome vem da perola negra.
- Principais características:
exagero, dramaticidade, detalhamento, busca pelas emoções, contradição.
- Tipos de conflitos: Deus X
Homem, Corpo x Alma, Sacro X Profano, Perdão X Pecado.
- Tempo: Vida curta,
efêmera. Carpe Diem (Aproveite o dia).
Na literatura: Tipos de
textos:
- Cultista: Objetiva a
reflexão. Sempre abre possibilidades para que o leitor conclua.
- Conceptista: Objetiva
convencer. Utiliza retórica e jogos de palavras para convencer o leitor.
- Principal Representante:
Gregório de Matos, o boca do inferno.
OBRAS:
"Davi" de Bernini: observe as expressões do rosto e os contornos do corpo. |
"O Rapto de Perséfone" de Bernini: observe as tensões marcadas nos corpos e a expressão de Perséfone |
"Fontana di Trevi" de Bernini, Salvi e Papa Clemente: teoria de Gaia, paganismo, vida, tempo curto |
Leia o poema de Gregório de Matos (abaixo) e observe a inversão de um discurso sacro para profano:
Via de prefeição é a Sacra Via,
Via do Céu, caminho da verdade;
Mas ir ao Céu com tal publicidade
Mais que à virtude o boto à hipocrisia.
O ódio é d’alma infame companhia,
A paz deixou-a Deus à Cristandade;
Mas arrastar por força uma vontade,
Em vez de caridade é tirania.
O dar pregões no púlpito é indecência:
[“]Qué de fulano?[“] e [“]Venha aqui sicrano![“],
Porque pecado e pecador se veja;
É próprio de um porteiro d’audiência;
E se nisto mal digo ou mal me engano,
Eu me sumeto à Santa Madre Igreja.
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O todo sem a parte não é
todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo. (Gregório de Matos)
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo. (Gregório de Matos)
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Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos,
espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se
tem espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há
mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio Vieira)
mister: necessidade de.
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Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda ligeireza
E imprime em toda flor sua pisada.
Ó, não aguarde que a madura idade
te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em
nada".
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Ó caos confuso, labirinto horrendo,
Onde não topo luz, nem fio amando,
Lugar de glória, aonde estou penando,
Casa da morte aonde estou vivendo!
(Gregório de Matos)
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Que és terra Homem, e em terra há de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua Igreja,
De pó te faz espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.
Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te,
E como o teu baixel sempre fraqueja
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Te põe à vista a terra onde salvar-te.
(Gregório de Matos)
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INCONSTÂNCIA DAS COISAS DO
MUNDO!
Nasce o Sol
e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas e alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falta a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se a tristeza,
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza.
A firmeza somente na inconstância.
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas e alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falta a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se a tristeza,
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza.
A firmeza somente na inconstância.
Gregório de Matos